F1 2010 Análise

A Codemasters construiu sua biblioteca de jogos sobre o automobilismo. Na década de noventa, a empresa tornou-se referência com Colin McRae Rally e a série TOCA Race Driver. Nos anos de hoje a prova da vertente automobilística e da dedicação da empresa ao gênero é fomentada pela engine EGO, desenvolvida pela empresa com exclusividade para os jogos de velocidade a motor e sobre quatro rodas. O nome Codemasters é referência no meio, ainda que se dedique a desenvolver jogos Arcade incorporando algumas características dos chamados simuladores, como os recentes GRID e Dirt 2.Em maio de 2008, a empresa tomou posse da licença para desenvolver um jogo da principal categoria do desporto automobilístico mundial junto a FIA e como não poderia deixar de ser, estimulou alguns e preocupou muitos. Seria a Formula 1 apresentada pela Codemasters um produto a mais de sua estratégia de unir simulação e arcade tentando agradar um público vasto e menos exigente de aficionados por automóveis, ou estaríamos diante de um simulador genuíno onde o realismo reflete os reais esforços de cada equipe e piloto?

A tecnologia posta à prova

A Formula 1 é produto do que há de melhor e mais moderno no mundo automobilístico. Seus carros e tecnologias fazem com que os melhores pilotos e engenheiros do mundo almejem uma vaga em seu circo. Após alguns anos em constantes mudanças e reformulações, a categoria máxima do desporto automobilístico encontra-se em uma fase admirável, com corridas espetaculares e une pilotos de duas a três gerações, como Michael Schumacher, que acumula a impressionante marca de sete campeonatos, o controverso Fernando Alonso, Jarno Trulli, Rubens Barrichello e Mark Webber. Mas são os mais novos que fazem o espetáculo, como o ambicioso e talentoso Sebastian Vettel, o persistente Jason Button e o prodígio Lewis Hamilton.Sendo um produto oficial da FIA, como não poderia deixar de ser, temos todos os circuitos, pilotos e equipes atualizados e com seus patrocinadores oficiais no jogo. São 24 pilotos, distribuídos em 12 equipes, que por sua vez, tem à sua disposição 19 circuitos para as provas de velocidade. Fato que conta a favor é a disponibilidade do novo circuito da Coréia do Sul, algo que ainda não ocorreu na realidade, pois apenas terá a sua participação na Formula 1 em outubro.Uma característica que guia muitas das discussões sobre a F1 real que se apresenta no jogo são as suas regras e a exigência de que sejam cumpridas com rigidez em pista. Não foram raras as vezes em que fui obrigado a cumprir punição nos boxes por minhas condutas terem sido julgadas como perigosas ou por eu ter supostamente levado vantagem por passar direto em uma chicane, após ter percebido que não conseguiria fazê-la sem danificar a suspensão de minha máquina, tendo deixado para frear tão tarde.

Modos de jogo

No que se refere aos modos de jogo, podemos competir num Modo Carreira, onde podemos optar estranhamente entre, três, cinco e sete temporadas. Os Time Trials, onde podemos escolher oito carros diferentes a ser distribuídos entre amigos, tentando em corrida livre contra um “carro fantasma”, obter o melhor tempo em volta e finalmente o modo Grand Prix. Neste último, há a possibilidade de escolha a nosso critério da configuração de uma temporada, desde a lista de circuitos e voltas até clima que incidirá em cada um deles. Há também o modo multi-jogador, onde há a possibilidade de competição contra doze corredores, escolhendo a pista e as suas configurações.Percebendo todo o marketing gerado nos paddocks e em entrevistas de pilotos e mesmo nas discussões entre amigos sobre as preferências de pilotos e equipes bem característicos da Fórmula 1, a Codemasters tenta oferecer um componente humano ao jogo, onde podemos gerir a nossa participação, bem como interagir com os jornalistas. Em suma, em nada acrescenta em termos de realismo, seja pelo modo como somos abordados, seja pelo grafismo descuidado dos personagens e seus movimentos robotizados. Há ainda a possibilidade de gerir uma carreira, que se resume a ver o contrato e as diversas estatísticas geradas.O fato é que estas opções, além de não agregarem em nada em realismo, servem para o efeito contrário, pois nos afastam do melhor conceito de realidade que é o de estar vivendo toda aquela experiência do circo. A sensação de estarmos, de fato, dentro de uma competição de F1 nunca é conseguida.Mas há os acertos. Ainda que o aspecto “gestão de Formula 1” consiga chegar aos boxes através da presença sempre incômoda dos engenheiros e mecânicos robotizados, temos algumas opões de configuração do carro, bem como a visão do que se passa em cada sessão de voltas. O jogo nos oferece as opções para um maior desejo de realismo, que, ainda que nunca seja conquistado em sua plenitude, oferta bons momentos. Podemos optar por participar de todos os pormenores de um fim de semana de Formula 1. Estão ao nosso dispor as qualificações, os treinos, os ajustes do carro e as previsões climáticas. Algo também interessante é a possibilidade de cumprirmos determinados objetivos impostos pela equipe, e com isso podermos adquirir pontos para o desenvolvimento do carro. Disponível somente na seção de treinos consiste em nos permitir correr contra o nosso maior adversário, o nosso companheiro de equipe. O piloto da equipe que consegue os pontos é prestigiado com melhorias exclusivas.

Grafismo e jogabilidade



A simulação no jogo pode ser separada em duas vertentes. A primeira em termos de design, gráficos e estado climático, cumpre seu papel e contenta, ainda que nunca consiga o brilhantismo em nenhum aspecto. As pistas são bem desenhadas, mas não causam o sentimento de admiração que deveriam. Os veículos, um dos principais atrativos quando em ritmo de corrida, são bem trabalhados, mas não conseguem esconder os defeitos em algumas partes. Até os replays após as corridas, que a Codemasters conseguiu efeito ímpar com suas franquias GRID e DIRT 2, não estão no mesmo nível. Impressiona seu caráter superficial, mostrando pistas e carros que parecem de brinquedo com seus movimentos falsos e robotizados através de câmeras mal posicionadas e que nem mesmo de longe lembram o tratamento espetacular de câmeras comum nas transmissões por televisão da categoria. O descuido é tamanho, que fui obrigado a suportar em um dos replays, mais especificamente na corrida de Melbourne na Austrália, os pneus do meu RBR F1 do lado de fora da curva parecer não encostar-se ao chão. Algo suportável, mas não livre de críticas. Mas há a chuva, sim há a chuva. Algo que me lembrou os efeitos de chuva do antigo F-1 World Grand Prix do Nintendo 64, claro respeitadas as gerações. O gotejamento nos vidros das câmeras e viseira do piloto é espetacular e as poças na pista são bem realizadas. O efeito spray é estranho e desagrada, pois somente acontece em nosso veículo; outro descuido lastimável e que empobrece o fator realidade.A segunda, em termos de configuração do carro, ainda que sejam numerosas as opções, não resulta em mudanças profundas. Em um jogo que pretende simular a F1 é necessário que os ajustes sejam sentidos e que resultem na obtenção daquela curva mais rápida ou em maior velocidade em uma reta. O jogo parece ignorar as modificações e adaptar-se à condução, sejam quais forem as mudanças de configuração do carro; algo que é, sem qualquer dúvida, legal de perceber em um jogo Arcade, mas de forma alguma em um jogo de simulação. Em termos de IA, neste caso Ignorância Artificial dos pilotos concorrentes, ou lidamos com lerdos incompetentes ou desonestos ambiciosos conforme a escolha de dificuldade. No entanto, em dificuldades mais elevadas, não deixamos de ter aqueles rachas curva a curva característicos e tão presentes na F1.Outro fator que desilude por completo e que também é de domínio da codemasters a julgar por outras franquias suas é a questão dos danos nos carros. Quem acompanha a Formula 1 sabe que um pequeno erro pode colocar por terra a prova inteira, causando grandes estragos no carro. Isto não acontece em F1 2010. Além disso, a simulação neste aspecto é pobre. Quando batemos com força no muro ou em outro carro, vemos pedaços dos veículos voarem. No entanto, são pedados poligonais genéricos na maioria das vezes e pasmem, em uma segunda vista dos carros, não falta nada, nem uma mola sequer.

Conclusão


F1 2010 prima principalmente pela sua capacidade de servir como um divertimento para os que gostam de assistir a Formula 1, mas não serve de objeto de exploração para os fãs de automobilismo aficionados por um dia conseguir simular estar na direção de um desses veículos fantásticos. É graficamente aceitável e com efeitos sonoros competentes, mas não impressiona em nenhum dos aspectos. O problema fatal é a falta de sensação de estarmos dentro de uma temporada de Formula 1. A ausência de outro jogo que lhe possa fazer competição direta é fato e deve motivar suas vendas para os fãs como eu famintos pela experiência. No entanto, com a chegada de Gran Turismo 5 e seus F1 (Ferrari e RBR estarão presentes) projetados para a simulação, deve ficar esquecido com o passar do tempo.

Mais & Menos


+ Modos de jogo
+ Efeitos de chuva interessantes
- Efeitos de danos não convincentes
- Jogabilidade voltada para Arcade
- Inteligência artificial de extremos
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Fonte:Gamus