Telescópio ALMA, o antes e o depois da astronomia
Sáb Jul 16 2016, 17:39
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Com isso, espera ajudar a resolver um dos enigmas que mais fascinam o homem: a origem do universo.
Chegar até suas 66 antenas situadas nos Observatórios do Llano de Chajnantor, a mais de 5.000 metros de altura no árido deserto do Atacama, norte do Chile, é quase uma viagem de iniciação.
Antes de subir até os 'olhos' do Atacama Large Millimeter/subillimeter Array (ALMA), é necessário passar por um controle médico no Centro de Operações, situado a 2.900 metros de altura, que determina se o indivíduo está apto a visitar esta planície da vulcânica Cordilheira dos Andes, onde o oxigênio escasseia e o coração acelera, submetida a temperaturas extremas. Os funcionários não devem permanecer no local por mais de 24 horas seguidas.
Além das duras condições para os cientistas e técnicos, o ALMA marca um antes e um depois na astronomia pela sua capacidade para captar ondas de luz milimétricas com muita precisão. As fotos de imagens da poeira que rodeia as estrelas, da Via Láctea ou de Centaurus são impactantes.
"Pela primeira vez, estamos explorando uma classe de frequência que nunca se tinha conseguido", diz à AFP o astrônomo chileno Pablo Cortés.
Até o momento, uma das contribuições mais "espetaculares" do telescópio mais complexo e potente do planeta é determinar como se formam os discos exoplanetários e os planetas.
Recentemente, o potente radiotelescópio captou imagens de um cinturão de cometas em volta de uma estrela localizada a 129 anos-luz da Terra, que revelariam a existência de planetas escondidos ou deslocados do sistema distante.
Como morre uma estrela"Também está dando respostas detalhadas sobre como morrem as estrelas, quais estruturas têm as galáxias, inclusive as galáxias super distantes", afirmou à AFP a astrônoma madrilenha Itziar de Gregorio que, assim como o resto dos cientistas, passa uma semana inteira por mês no inóspito clima do Atacama, o deserto mais seco do mundo, mas também o que tem os céus mais límpidos para a observação. O resto do trabalho é desenvolvido nos escritórios em Santiago.
Ao morrer, as estrelas "começam a ejetar material e explodir e distribuir todo este material no meio interestelar, e neste meio serão produzidas depois novas estrelas e, a partir delas, novos planetas", explica De Gregorio.
A particularidade do ALMA, um projeto conjunto da Europa, Estados Unidos e Japão, é que o instrumento permite "dar um zoom na parte central onde está a estrela ou as estruturas produzidas em torno".
Na verdade, busca-se determinar o tipo de moléculas que há no espaço - que são as mesmas que se vê na Terra e inclusive no ser humano.
"Todos os componentes que nos formam saíram de uma estrela", por isso se diz que somos "filhos das estrelas", diz a astrônoma.
O ALMA começou a detectar moléculas mais complexas, que são as associadas à existência de vida, as cadeias de carbono super grandes ou as moléculas orgânicas prebióticas, em regiões onde estão se formando os planetas.
Em breve, as antenas mudarão de direção e focarão no Sol para resolver o grande mistério: por que tem uma atmosfera tão quente. Isso será possível porque a superfície das antenas do ALMA esfumam o calor, permitindo focalizar as ondas milimétricas do espectro de luz sem queimá-las.
A ciência ainda não conseguiu descobrir se há vida humana além da Terra, mas em qualquer caso "existem os ingredientes necessários para que no futuro possa haver vida", afirma De Gregorio. Apesar de que, ressalta, para isso é necessário que se deem "condições similares às da Terra".
Pablo Cortés afirma que instrumentos como o ALMA "mais que trazer respostas, geram novas perguntas".
O desenvolvimento tecnológico que está permitindo explorar o universo distante a partir de telescópios como o ALMA contribui para a vida cotidiana - desde o câncer, passando pelo transporte, novos materiais ou até a própria internet, que nasceu com objetivos militares e astronômicos.
Fonte
Uol
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